JMJ Lisboa 2023: Jovens dão testemunho das suas caminhadas

Muitas centenas de milhares de jovens reúnem-se no Parque Tejo, na Jornada Mundial da Juventude, Lisboa 2023, com o Papa Francisco. Numa noite de verão, dois jovens dão, para todos, o testemunho das suas caminhadas.

JMJ Lisboa 2023: Jovens dão testemunho das caminhadas
JMJ Lisboa 2023: Jovens dão testemunho das caminhadas. Foto: © Rosa Pinto

O Papa Francisco na vigília com os Jovens, no Parque Tejo, na Jornada Mundial da Juventude, Lisboa 2023, escuta testemunhos de dois jovens. O Pe. António Ribeiro de Matos, com 33 anos contou abraçou o exercício do sacerdócio, referindo que o ensinamento e testemunho de Fé recebeu da avó”, envolvendo-se “em projetos sociais e políticos que procuravam o bem-comum. Mas era tudo meu”.

Já na universidade referiu que se inscreveu “numa semana de missão. Aí aproximei-me mais conscientemente de Cristo e da Igreja, mas o sentido da minha vida continuava a ser centrado em mim.”

“Numa tarde de Agosto de 2011, quando viajava sozinho de carro, adormeci. Quando acordei na ambulância, e à medida que fui ganhando consciência da gravidade do acidente, percebi que podia ter morrido naquele acidente. Percebi que se a minha peregrinação na Terra tivesse terminado naquele momento, a minha vida não tinha valido a pena. O sentimento de que a vida estava a passar-me ao lado, fez-me querer acolhê-la de outra forma e confrontar-me com perguntas que até aí evitava. Perguntas como: ‘Senhor, que queres que eu faça?’ Foi então que a alegria do encontro com Cristo começou a preencher o meu coração e a fazer-me a querer levar esta alegria a outros”, descreveu António Ribeiro.

A entrada no seminário deu-se em 2012, e em 2017 afirmou que teve “dúvidas próprias do caminho” e saiu do seminário, mas fora do seminário, continuou “muito ligado a atividades pastorais” e “tive oportunidade de ir à Jornada Mundial da Juventude no Panamá”.

Em 2019 regressou ao Seminário e foi ordenado em 2021 para como referiu: “procurar levar aos outros a alegria de encontrar Cristo, de ser encontrado por Ele. Uma alegria que não é passageira, uma alegria que me é oferecida do Céu”.

Marta Luís com 18 anos veio de Moçambique, da Província de Cabo Delgado, “onde enfrentamos uma guerra que já dura há cinco anos” referiu a jovem, e descreveu: “Sou do Distrito de Muidumbe de uma região chamada Planalto do Povo Maconde. Participava da Paróquia Sagrado Coração de Jesus ou também conhecida como Missão de Nangololo. Venho de uma família simples e pobre. Cedo perdi meu pai, tinha apenas sete anos”.

Depois da morte do pai a missão continuou: “minha mãe com as quatro filhas. Estudava na escola da comunidade e participava na vida da paróquia, onde era acólita e também participava nos encontros para ser crismada. Na região norte onde morávamos ouvíamos falar dos ataques terroristas que aconteciam nas outras localidades perto do nosso distrito, mas não imaginávamos que também iríamos ser atacados”.

Mas, descreveu Marta, “no dia 07 de abril de 2021, pela manhã, os terroristas atacaram nossa aldeia. Fugimos com toda a nossa família para o mato. Ficámos quatro dias escondidos. Quando soubemos que os terroristas tinham saído, voltámos para casa. Passávamos o dia em casa e à noite, por medo, voltávamos a dormir no mato”.

“Rezávamos muito pedindo a Deus que nos livrasse de todo mal, e para que o Senhor nos desse a força para superar aquele momento de dificuldade. Não dormíamos a noite toda, ficávamos a rezar Avé Maria e Pai Nosso, pedindo ao Senhor para que não acontecesse o pior nas casas das pessoas. Depois do ataque do mês de abril continuámos nossa vida na aldeia, mas no dia 31 de outubro de 2021 os terroristas voltaram atacar”.

“Este ataque foi muito grande. Fugimos de novo para o mato. Caminhámos muito sem saber o que fazer. Não tínhamos comida nem água. Passámos muita fome. Os terroristas encontraram-nos no mato e deram tiros para cima. Não fizeram nada com nossa família, mas sentimos muito medo e saímos correndo.”

Mas a família chegou à Província de Nampula e descreveu: “onde fomos acolhidos por alguns familiares. Quando estávamos no mato, rezávamos muito. Em nenhum momento perdemos nossa fé. Pedia a Deus que nos ajudasse e tirasse toda maldade do mundo e que as pessoas que estavam provocando essa guerra mudassem de vida. As populações das nossas aldeias estão todas espalhadas. Temos sido acolhidos nas paróquias onde fomos morar, mas temos muitas saudades da nossa aldeia e dos nossos costumes, cantos e danças. Mas em meio a todo sofrimento numa perdemos a fé a esperança de que um dia vamos reconstruir de novo a nossa vida.”