A Escola de Ciências da Universidade do Minho (ECUM) e o Laboratório Nacional de Energia e Geologia (LNEG) lançam um novo Inventário Nacional de Património Geológico. O inventário lista cerca de 400 geossítios, como: formas de relevo, fósseis e rochas. O acesso livre ao inventário no GeoPortal do LNEG permite compreender a evolução do território, além de contribuir para as políticas de ordenamento e de conservação da natureza.
Os inventários feitos nas últimas décadas pelas duas entidades promotoras e outros parceiros são importantes, “para projetos que implicam estudos de impacte ambiental que avaliam potenciais danos no património existente, o que sucede no caso da biodiversidade, mas tende a ser desprezado no património geológico”, adianta Paulo Pereira, do Departamento de Ciências da Terra da ECUM.
O investigador Paulo Pereira, que coordena o GeoPortal com José Brilha (ECUM), Susana Machado e João Matos (ambos do LNEG), refere que “esta não é apenas uma lista, a intenção é ajudar a se criarem medidas de conservação, de proteção contra a erosão ou degradação por atividades humanas e de promoção para uso turístico, científico e educativo”.
Os promotores explicam que os geossítios estão organizados no portal em 26 categorias, segundo a metodologia preconizada pela Associação Europeia para a Conservação do Património Geológico e pela União Internacional das Ciências Geológicas. Aí surgem, por exemplo, o vale glaciário do rio Homem (Gerês), o granito da praia de Lavadores (Gaia), o inselberg de Monsanto (Idanha-a-Nova), o Pico de Ana Ferreira (Porto Santo), o Algar do Carvão (ilha Terceira) ou a discordância da Ponta do Telheiro (Algarve), que mescla formações geológicas separadas por 120 milhões de anos.
No inventário nacional pode pesquisar-se por nome, categoria, região (mapa interativo) e ter dados individuais como georreferenciação, acesso, descrição, regime de propriedade, vulnerabilidade e bibliografia. O inventário atual vai continuar a ser atualizado mediante os locais propostos por peritos do LNEG, de universidades, de municípios, de geoparques, de empresas de geologia e dos próprios cidadãos, entre outros, através do email geoportal@lneg.pt.
O primeiro inventário do país pelo LNEG foi o portal Geossítios, mas não abrangia os arquipélagos dos Açores e da Madeira e dependia da submissão de propostas de geossítios. Entre 2007 e 2011, a ECUM coordenou o projeto “Identificação, caracterização e conservação do património geológico: uma estratégia de geoconservação para Portugal”, financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia. O trabalho envolveu 70 cientistas de várias instituições e permitiu identificar 325 locais com geodiversidade de relevância científica nacional e internacional.
Os inventários do LNEG e da Universidade do Minho focavam territórios e metodologias distintos, o que gerava confusão para quem geria o território. Mas era preciso implementar uma estratégia com vista à conservação efetiva dos geossítios, pelo que os investigadores avançaram para a unificação das duas plataformas, resumiu Paulo Pereira, investigador do Instituto de Ciências da Terra.
A Escola de Ciências da Universidade do Minho é considerada uma referência mundial na área emergente da geoconservação, pela relevância da sua investigação, pela coordenação de projetos associativos e editoriais internacionais e pelo pioneirismo no ensino pós-graduado nesta temática.
Entre os investigadores estão membros na direção científica de geoparques nacionais, como Macedo de Cavaleiros, Arouca, Oeste e o aspirante de Viana do Castelo. José Brilha esteve também ligado à criação do Dia Internacional da Geodiversidade, aprovado pela UNESCO em 2022.