Nível de cálcio no cérebro relacionado com perda de memória

Estudo de investigação mostrou que os níveis de cálcio nas células pré-sinápticas dentro do hipocampo são determinantes para as funções cognitivas e de memória. A descoberta abre potenciais portas para as questões de saúde relacionados com a idade.

Nível de cálcio no cérebro relacionado com perda de memória
Nível de cálcio no cérebro relacionado com perda de memória. Foto: © Rosa Pinto

Investigação desenvolvida na Universidade de Leicester está a mostrar como as funções cognitivas, a memória e a aprendizagem são prejudicadas com a idade. Um estudo recentemente publicado em revista especializada em neurociência mostra que um fator crucial são os níveis de cálcio em células específicas do cérebro.

Com o aumento da idade, a memória começa a falhar e torna-se mais difícil adquirir novos conhecimentos. Uma condição que poderia ser facilmente explicável pela morte gradual das células cerebrais. No entanto, isso não acontece o que coloca em aberto a pergunta: Porque é que é comprometida a cognição com o aumento da idade?

A resposta está nas sinapses, as conexões eletroquímicas entre os neurônios que usam moléculas de neurotransmissores para criar a rede de funções dentro do sistema nervoso central, explicam os cientistas. Nick Hartell, do Departamento de Neurociência, Psicologia e Comportamento da Universidade de Leicester, analisou se os níveis de cálcio no hipocampo, parte do cérebro necessário para a aprendizagem e a memorização, poderiam desempenhar algum papel nesta condição progressiva de perda com a idade.

Os investigadores têm concentrado a análise nas células pós-sinápticas – aquelas que recebem neurotransmissores – pois medir os níveis de cálcio nas células pré-sinápticas é muito difícil. No entanto, Nick Hartell e os colegas da Universidade de Leicester aceitaram o desafio, e desenvolveram uma linhagem especial de ratos que expressa uma proteína fluorescente sensível ao cálcio dentro das partes pré-sinápticas do hipocampo.

Os investigadores submeteram os ratos a testes de labirintos e de reconhecimento de objetos para estudar as funções cognitivas desses ratos com idades de 6, 12, 18 e 24 meses, e verificaram existir uma correlação clara entre a capacidade cognitiva e os níveis pré-sinápticos de cálcio. Os ratos mais velhos, que apresentaram um desempenho menor nos testes, os processos homeostáticos, que devem manter o cálcio intracelular dentro dos limites, começaram a falhar, acumulando cálcio nas células pré-sinápticas dentro do hipocampo.

Um aumento experimental do nível de cálcio pré-sináptico intracelular no cérebro de ratos jovens alterou as propriedades sinápticas, comportando-se como as dos ratos mais velhos. Para os investigadores o mais fascinante de todos os resultados é que o inverso também é verdadeiro: a redução do cálcio intracelular em cérebros de ratos mais velhos rejuvenesce suas sinapses – o que obviamente tem enorme significado potencial para problemas de saúde relacionados à idade, em humanos.