Ómega 3 reduz lesões cerebrais de um AVC

Ácidos gordos ómega 3 de óleo peixe protegem as células do cérebro, quando são privadas de oxigénio devido a um AVC. Os estudos foram realizados em ratinhos, mas agora os investigadores vão proceder a ensaios clínicos em humanos.

Ómega 3 reduz lesões cerebrais de um AVC
Ómega 3 reduz lesões cerebrais de um AVC. Foto: Rosa Pinto

Os ácidos gordos ómega 3 reduzem as lesões cerebrais causadas por um Acidente Vascular Cerebral (AVC), verificaram os investigadores do Centro Médico da Universidade de Columbia CMUC), nos EUA. Os investigadores fizeram testes num modelo de ratinho neonatal, tendo os resultados sido já publicados na revista científica ‘PLoS ONE’.

Os investigadores trataram ratinhos com 10 dias de vida, que tinham sofrido uma lesão hipoxico-isquémica cerebral (causada por uma diminuição do fluxo de sangue e oxigénio para o cérebro, tal como ocorre durante num AVC), com uma emulsão gorda contendo DHA ou EPA.

O DHA e o EPA são ácidos gordos ómega 3 bioativos que se encontram em óleos extraídos a partir de peixes de água fria. Os investigadores do CUMC demonstraram que os ácidos gordos de óleo de peixe protegem os órgãos e as células de várias maneiras quando privadas de oxigénio, reduzindo a inflamação e a morte celular.

Os ratinhos tratados com o DHA, mas não com EPA, ao fim de 24 horas apresentaram uma redução significativa das lesões cerebrais. Nas semanas seguintes, o grupo de ratinhos tratado com DHA, teve resultados significativamente melhores em várias funções do cérebro, comparado com os ratinhos tratados com EPA e com os ratinhos não tratados, que serviram de controlo.

Os Investigadores também verificaram que os ratinhos tinham aumentado as concentrações de DHA nas mitocôndrias do cérebro, que são estruturas de produção de energia nas células, e que podem ser lesadas pelos radicais livres quando o fluxo sanguíneo é restaurado no cérebro depois de um derrame. Este processo, conhecido como lesão de reperfusão, é uma consequência comum de lesão cerebral após a privação de oxigénio e de nutrientes, depois de ocorrer um derrame.

Vadim S. Tem, investigador do CUMC indica que os “resultados sugerem que a injeção do ácido gordo ómega 3 DHA, após um evento idêntico a um AVC, tem a capacidade de proteger as mitocôndrias do cérebro contra os efeitos nocivos dos radicais livres”.

A interrupção do fluxo sanguíneo e do fornecimento de oxigénio para o cérebro, durante ou logo após o nascimento, é uma das principais causas de lesões cerebrais em recém-nascidos, causando, em mais de 25% das crianças afetadas, deficiências neurológicas ao longo da vida.

Muitas das vias envolvidas neste tipo de lesões cerebrais são semelhantes aos de um AVC num adulto.

No seguimento do estudo em ratinhos, e face aos resultados obtidos, são agora necessários ensaios clínicos em humanos “para determinar se a administração de emulsões lipídicas contendo DHA, logo após uma lesão cerebral, tal como um AVC, oferece os mesmos efeitos neuroprotetores em bebés e em adultos como se verifica em ratinhos”, referem os investigadores Richard J. Deckelbaum, do CUMC e Robert R. Williams, do Instituto de Nutrição do Instituto de Nutrição.