
Várias pessoas expostas ao coronavírus SARS-CoV-2 produzem um anticorpo designado M15. Um anticorpo que tem a rara capacidade de se ligar a um alvo na proteína spike do vírus, que era desconhecido. O anticorpo M15 sofre mutações que são altamente específicas para esta classe de anticorpos, em comparação com anticorpos semelhantes que têm como alvo outros patógenos.
Uma investigação desenvolvida na Escola de Medicina Icahn no Monte Sinai revelou que o M15, é um anticorpo contra o SAS-CoV-2 que sofre mutações únicas em diferentes pessoas, que induzem o anticorpo após a infeção ou vacinação. Essas mutações ajudam o M15 a aceder e a ligar-se com mais força a um alvo ou epítopo na proteína spike do SARS-CoV-2. E ao que parece o nível sanguíneo de anticorpos direcionados a essa região aumenta com múltiplas doses de vacina.
Para os investigadores o estudo tornou-se interessante pois permitiu identificar características que diferenciam mutações que melhoram a ação de um anticorpo e também revelou um novo epítopo na proteína spike do SARS-CoV-2.
O estudo envolveu pessoas que foram vacinados ou infetados com SARS-CoV-2 com dias e anos após a infeção ou vacinação por SARS-CoV-2, e permitiu mostrar que os mesmos produziram um anticorpo público que tem como alvo um novo epítopo, auxiliado por mutações raras de anticorpos que são vistas quase exclusivamente nesses anticorpos.
Anticorpos semelhantes a M15 foram identificados especificamente em indivíduos infetados e vacinados com SARS-CoV-2 com base na identidade da sequência. A interferometria de biocamada, que mede a afinidade de um anticorpo ao seu epítopo, juntamente com uma microscopia crioeletrónica da estrutura da molécula M15 em complexo com SARS-CoV-2, foram utilizadas para investigar o papel de mutações convergentes e enriquecidas com clonótipos no aumento da afinidade de M15. Um teste sorológico imunoenzimático, ELISA, de competição sérica foi utilizado para medir o nível de anticorpos no sangue direcionados a esse epítopo após a infeção ou vacinação.
O estudo de investigação, já publicado na Cell Reports concluiu que as mutações na cadeia leve que aumentam a afinidade de um anticorpo público, M15, contra o SARS-CoV-2, são adquiridas convergentemente em múltiplos indivíduos e são enriquecidas na classe de anticorpos públicos em comparação com anticorpos que reconhecem outros patógenos. Estas mutações ajudam o M15 a aceder a um epítopo novo e altamente conservado na proteína spike do SARS-CoV-2. Os níveis de anticorpos séricos direcionados a essa região viral aumentam após múltiplas vacinações contra a COVID-19.
“O estudo mostra que certos padrões em mutações de anticorpos, como enriquecimento de clonótipo e convergência, podem ajudar a identificar quais as mutações que realmente tornam os anticorpos mais fortes em relação à ligação. Isso também pode ser aplicável a outras doenças, não apenas à COVID-19”, referiu Camila Coelho, do Mount Sinai.
Agora, o investigador Vishal Rao do Mount Sinai está fazer estudos que podem ser “um passo em direção ao desenvolvimento de vacinas mais inteligentes que ajustem o sistema imunológico a produzir anticorpos mais potentes.”













