A água é fundamental para sustentar a vida, produzir alimentos e fazer negócios. Mas daqui a 100 anos, a nossa imagem do mundo será diferente por causa do aumento das secas, das inundações, da desertificação e do seu impacto devastador, referiu Comissária da União Europeia, Jessika Roswall.
A Comissária afirmou: “Hoje, em Espanha, 74% do país já está em risco de desertificação. Atualmente, 78% dos cidadãos europeus dizem sentir o impacto das alterações ambientais no seu dia-a-dia. Atualmente, 800 milhões de pessoas em todo o mundo não têm acesso a água potável”.
O desafio da água é global, dado que a água é importante para todos, enquanto seres humanos, mas também é importante para os agricultores e para as empresas que necessitam de água limpa para a produção e os mais diversos processos de transformação.
A Comissária lembrou que dados do Banco Central Europeu (BCE) indicam que 75% dos empréstimos empresariais na zona euro estão ligados a um serviço de ecossistema, e “durante muito tempo, considerámos a água um recurso infinito”, e agora “precisamos de mudar essa mentalidade”, e “pensar em termos de circularidade e eficiência hídrica.”
Dados dos relatórios sobre a situação na União Europeia indicam:
1.“As nossas águas estão poluídas, o nosso abastecimento de água está ameaçado e não estamos a reduzir suficientemente o risco de inundações graves. Menos de 40% dos corpos de água superficiais da UE atingem um bom estado ecológico, com ecossistemas saudáveis que albergam muitas espécies e com água capaz de se regenerar. E apenas um quarto atinge um bom estatuto químico, o que significa que os limites relevantes das substâncias perigosas não são ultrapassados. Muitos Estados-Membros reconhecem que este é um grande problema. Foram feitos alguns progressos nos últimos anos, mas ainda há muito trabalho a ser feito.”
2.“A poluição das águas doces e marinhas continua a ser um desafio significativo. É especialmente crítico investir em medidas que reduzam a poluição por nutrientes provenientes da agricultura e das águas residuais urbanas, bem como a poluição química. O lado positivo é que os resíduos plásticos nas praias foram reduzidos em quase 30% na Europa, pelo que a nossa política está a dar resultados.”
3.“São necessários mais esforços para gerir melhor os riscos de inundações. As inundações estão a tornar-se mais frequentes, mais intensas e mais mortíferas. Nenhuma parte da Europa é poupada. Investir em sistemas de prevenção de cheias e de alerta precoce é essencial para o conseguir.”
4.“Existe muita legislação da UE sobre a água em vigor, mas a sua implementação está atrasada. Para colmatar esta lacuna, iniciarei diálogos estruturados com todos os países da UE para criar o impulso político para uma mudança significativa. A água não é apenas uma questão urgente na Europa, mas também um desafio global, pelo que também precisamos de levar este trabalho avante com parceiros internacionais.”
5.“Os Estados-Membros precisam de aumentar o investimento. Um número impressionante de 86% dos Planos de Gestão das Bacias Hidrográficas destaca a escassez de financiamento como um grande obstáculo. A questão do financiamento é um ângulo importante sobre o qual me quero focar na Estratégia de Resiliência Hídrica.”