INESC TEC produz ferramentas para gestão de redes elétricas

Ferramentas desenvolvidas pelo INESC TEC, no âmbito de projeto europeu, e já testadas pela EDP Distribuição e pela operadora francesa Enedis, demonstraram que a capacidade de integração de produção de energias renováveis pode aumentar.

INESC TEC produz ferramentas para gestão de redes elétricas
INESC TEC produz ferramentas para gestão de redes elétricas. Foto: Rosa Pinto

A EDP Distribuição e a operadora da rede de distribuição francesa Enedis testaram em ambiente real algumas das ferramentas desenvolvidas pelo Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC TEC). As ferramentas testadas demonstraram que a capacidade de integração de produção de energias renováveis pode aumentar.

O desenvolvimento das ferramentas pelo INESC TEC e os respetivos testes pelas duas operadoras de distribuição de energia elétrica foram feitos no âmbito do projeto europeu evolvDSO, que teve um financiamento de 7,8 milhões de euros.

O projeto evolvDSO, que foi desenvolvido durante três anos, permitiu enquadrar a definição “de futuros papéis dos operadores de rede de distribuição com base em cenários conduzidos por diferentes níveis de progresso tecnológico, padrões e flexibilidade de consumo e a crescente integração de recursos energéticos distribuídos”, indica comunicado do INESC TEC.

No âmbito do projeto europeu o INESC TEC desenvolveu “quatro ferramentas de otimização e apoio à decisão na operação de redes elétricas de distribuição de alta, média e baixa tensão”.

Uma das ferramentas testada em ambiente de simulação pela EDP Distribuição e pela Enedis foi desenvolvida pelo INESC TEC “especificamente para redes elétricas de baixa tensão” e permitiu identificar “benefícios para as redes reais portuguesas e francesas”, indicou Ricardo Bessa, investigador do Centro de Sistemas de Energia do INESC TEC.

De entre vários benefícios destaca-se “o aumento da capacidade de integração de produção de energia renovável, uma melhoria dos indicadores de qualidade de redução e uma redução do corte de produção renovável”, explicou o investigador.

Para Ricardo Bessa esta nova ferramenta vai permitir aos operadores de rede explorar novos modelos de negócios relacionados com o autoconsumo, armazenamento e gestão ativa do consumo doméstico.

Duas outras ferramentas desenvolvidas pelo INESC TEC foram testadas em ambiente real pelas duas operadoras de distribuição de energia. Os testes “mostraram benefícios relacionados com a integração da produção renovável, melhoria operacional da gestão da rede e um aumento da informação apresentada ao operador do centro de despacho e condução”.

A quarta ferramenta desenvolvida no âmbito do projeto é também destinada a redes de baixa tensão para estimar os níveis de tensão e consumo real, utilizando informação medida pelos contadores inteligentes.

A ferramenta foi testada em ambiente real em França e mostrou diversos benefícios, como “a redução dos custos de comunicações em tempo real de dados dos contadores, elevada precisão na estimativa das grandezas elétricas e fornecimento ao operador de informação em tempo real sobre as condições de funcionamento da rede elétrica”.

Do projeto europeu evolvDSO, financiado pelo 7º programa quadro da União Europeia, fizeram parte 16 instituições de oito países europeus – Portugal, França, Itália, Bélgica, Alemanha, Dinamarca, Áustria e República da Irlanda. A EDP Distribuição e o INESC TEC foram os parceiros portugueses do projeto.

O evolvDSO foi desenvolvido tendo em conta o paradigma das redes elétricas inteligentes e os novos modelos de negócios, como sejam os agregadores de consumidores ou o armazenamento.

Novos modelos que “procuram estimar a flexibilidade de potência ativa e reativas das redes de distribuição e aumentar o grau de controlo da potência nas subestações de interface entre as redes de transporte e distribuição, com o objetivo de otimizar os custos operacionais e melhorar as condições técnicas de exploração da rede”.