
O Presidente do Brasil, Lula da Silva, abriu a 17ª cimeira dos BRICS, a que preside, afirmando que o multilateralismo está sob ataque, e isso significa que a autonomia dos países está a ser colocada em risco.
“Avanços arduamente conquistados, como os regimes de clima e comércio, estão ameaçados”, e “na esteira da pior crise sanitária em décadas, o sistema de saúde global é alvo de investida sem precedentes”, afirmou Lula da Silva.
O Presidente do Brasil afirmou também que “exigências absurdas sobre propriedade intelectual ainda restringem o acesso a medicamentos”, e que “o direito internacional tornou-se letra morta, juntamente com a solução pacífica de controvérsias”.
Atualmente “defrontamo-nos com um número inédito de conflitos desde a Segunda Guerra Mundial”, e “a recente decisão da OTAN (aumentar gastos de despesa) alimenta a corrida armamentista”.
Lula da Silva, sobre a decisão da OTAN, referiu que para os países da Organização “é mais fácil destinar 5% do PIB para gastos militares do que alocar os 0,7% prometidos para Assistência Oficial ao Desenvolvimento”, o que mostra “que os recursos para implementar a Agenda 2030 existem, mas não estão disponíveis por falta de prioridade política” e afirmou: “É sempre mais fácil investir na guerra do que na paz”.
A atuação de países em contra ordem mundial estão a destruir as instituições como disse Lula da Silva na abertura da cimeira dos BRICS, como é caso das “reuniões do Conselho de Segurança da ONU que reproduzem um enredo cujo desfecho todos conhecemos: perda de credibilidade e paralisia. Ultimamente sequer é consultado antes do início de ações bélicas.”
Lula da Silva lembrou que “velhas manobras retóricas são recicladas para justificar intervenções ilegais”, como “a instrumentalização dos trabalhos da Agência Internacional de Energia Atómica que coloca em jogo a reputação de um órgão fundamental para a paz.”
Sobre as lições apreendidas de conflitos, Lula da Silva, lembrou que “sem apoio no direito internacional, o fracasso das ações no Afeganistão, no Iraque, na Líbia e na Síria tende a repetir-se de forma ainda mais grave”, e que “as consequências para a estabilidade do Oriente Médio e Norte da África, em especial no Sahel, foram desastrosas” e hoje continuam a ser sentidas.
Para o Presidente do Brasil no vazio das crises não solucionadas “o terrorismo encontrou terreno fértil”, mas “nada justifica as ações terroristas perpetradas pelo Hamas”, no entanto, “ não podemos permanecer indiferentes ao genocídio praticado por Israel em Gaza e a matança indiscriminada de civis inocentes e o uso da fome como arma de guerra.”
“A solução desse conflito só será possível com o fim da ocupação israelita e com o estabelecimento de um Estado palestiniano soberano, dentro das fronteiras de 1967”, afirmou Lula da Silva, e lembrou: “O governo brasileiro denunciou as violações à integridade territorial do Irão, como já havia feito no caso da Ucrânia.”