Tratamento para cancro da mama agressivo em desenvolvimento no Minho

Investigadores da Universidade do Minho estudam a eficácia de novos compostos no combate ao cancro da mama agressivo. O estudo baseia-se em compostos abundantes na natureza que mostraram ser anticancerígenos eficazes.

Tratamento para cancro da mama agressivo em desenvolvimento no Minho
Tratamento para cancro da mama agressivo em desenvolvimento no Minho. Foto: © Rosa Pinto

Investigadores do Instituto das Ciências da Vida e da Saúde (ICVS) da Escola de Medicina da Universidade do Minho estão envolvidos num projeto para encontrar um tratamento para o cancro da mama, num dos seus subtipos mais agressivos.

O estudo parte de uma opção terapêutica constituída por cromenos sintéticos, uma família de compostos abundantes na natureza. Estes compostos têm mostrado eficácia no combate à doença.

“Os cromenos naturais existem em todo o lado – raízes, vegetais, frutas, entre outros – e os nossos derivados demonstraram ter propriedades anticancerígenas potentes e seletivas, especialmente quando aplicados em células de cancro da mama triplo negativo, assim como em outros tipos de tumores, e sem toxicidade”, explicou Marta Costa, investigadora responsável pelo projeto, especialista em Química Medicinal, citada em comunicado da Escola de Medicina da Universidade do Minho.

“Muitas vezes, este tipo de compostos mostra-se eficaz contra as células cancerígenas. Contudo, mata também as células saudáveis. Desta vez, foi surpreendente, porque os nossos cromenos não revelaram toxicidade em nenhum dos testes e mostraram eficácia em vários modelos animais, reduzindo consideravelmente o tamanho do tumor. Além disso, não foi detetada qualquer reação adversa”, acrescentou a investigadora.

Em face dos resultados Marta Costa considera que este tratamento é “uma esperança” para quem tem cancro da mama triplo negativo, uma vez que, até à data, “não existe uma terapêutica específica, nem eficaz”.

“A quimioterapia não tem bons resultados, porque, apesar de numa primeira fase poder ter alguns efeitos positivos, a taxa de reincidência do tumor é muito elevada e, muitas vezes, reaparece de uma forma mais severa, associada a uma alta taxa de mortalidade”, concluiu a investigadora.

A Escola de Medicina indicou que a propriedade intelectual deste projeto está já protegida por patente internacional, e a investigação recebeu, recentemente, financiamento do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional para a Patente Internacional, sendo também apoiada pela Associação Ciência, Inovação e Saúde (B.ACIS).

O cancro da mama triplo negativo é o subtipo mais agressivo, representando 15 a 20 por cento de todos os tumores malignos da mama. Este subtipo de cancro da mama não responde a terapias mais específicas, sendo a única opção a quimioterapia clássica, com resultados muito limitados.