Ucrânia comemora Unificação e Proclamação da Independência

No dia 22 de janeiro, a Ucrânia está a comemorar os dois mais marcantes acontecimentos que definem a construção da Ucrânia Independente: o Dia da Unificação e o aniversário da proclamação da independência República Popular da Ucrânia.

Bandeira da Ucrânia
Bandeira da Ucrânia. Foto: Rosa Pinto

O Dia da Unificação (Den Sobornosti, em ucraniano), da Ucrânia oriental e ocidental num só Estado, é celebrado hoje, dia 22 de janeiro. Trata-se do centésimo aniversário da unificação da República Popular da Ucrânia e da República Popular da Ucrânia Ocidental. Os ucranianos comemoram também o centésimo primeiro aniversário da proclamação da independência da República Popular da Ucrânia.

No documento VI Universal (um ato estatal que proclamou a independência da República Popular da Ucrânia, desvinculando-se da Rússia), adotado a 22 de janeiro de 1918, lê-se “Doravante, a República Popular da Ucrânia torna-se um estado soberano do povo ucraniano, independente, livre…”, e no documento do Ato de Unificação, que foi proclamado a 22 de janeiro de 1919, pode ler-se “Doravante, fundem-se numa só, depois de serem afastadas uma da outra durante séculos, duas partes da Ucrânia agora unida: a República Popular da Ucrânia Ocidental e a Grande Ucrânia (República Popular da Ucrânia).”

A Embaixada da Ucrânia em Lisboa lembra que “sem o VI Universal e o Ato de Unificação, não se daria o Ato de Proclamação da Independência da Ucrânia de 1991”, e acrescenta: “Se os nossos antecessores não tivessem semeado a ideia de independência, a mesma nunca teria crescido até ao apoio praticamente unânime no referendo de 1991.”

A embaixada lembra ainda “que, daqueles tempos, a Ucrânia herdou a bandeira, o brasão, o hino e a hryvnia (a moeda), bem como a Academia Nacional de Ciências, o Arquivo Nacional, etc.”, mas que “nos tempos soviéticos, tentaram camuflar os eventos da Revolução Ucraniana de 1917-1921 nos livros didáticos de História. No entanto, a memória desses eventos resistiu à amnésia soviética.”

“A 21 de janeiro de 1990, deu-se uma das maiores ações em massa na Europa Central e Oriental: uma ‘corrente humana’ foi realizada como símbolo da unidade entre as terras ocidentais e orientais da Ucrânia, bem como símbolo da comemoração dos eventos da primeira revolução ucraniana. O número total de participantes nesta ação é incerto. Várias fontes referem que terão participado entre meio milhão a três milhões de pessoas, as quais deram as mãos e criaram uma cadeia contínua de Kyiv a Lviv. Esta ação tornou-se numa das evidências de que a nação ucraniana superou o medo do regime comunista e que está pronta para manifestar seu diferendo para com a política do Partido Comunista. Há 29 anos atrás, este evento tornou-se um precursor da posterior queda da URSS e da proclamação de uma nova Ucrânia independente e unida”, descreve a Embaixada.

Assim, pela primeira vez desde a proclamação do Ato de Unificação de 1919, e pela primeira vez na história contemporânea da Ucrânia, foi comemorado o Dia da Unificação, que a partir de 1999 se tornou feriado nacional da Ucrânia.

Para os ucranianos o Dia da Unificação recorda que o poder do país “está na unidade das terras ucranianas. A unidade nacional não é apenas um valor básico, mas é também um pré-requisito para uma resistência bem-sucedida à agressão externa.”

“Hoje, os militares ucranianos na zona de Operação das Forças Unidas defendem não apenas a independência, mas também a unidade da Ucrânia, tal como os seus antecessores, há 100 anos atrás”, lembra a Embaixada da Ucrânia em Lisboa, e acrescenta: “Hoje, numa altura em que temos territórios ucranianos que não são controlados pelas autoridades ucranianas, o Dia da Unidade é também uma ocasião para lembrar que a Crimeia e Donbas são parte da Ucrânia.”