As comemorações dos 50 anos do 25 de Abril nas comunidades portuguesas

Comemorações dos 50 anos do 25 de Abril nas comunidades lusas são um momento para estreitar relações do país com a sua diáspora, indica Daniel Bastos, neste seu artigo, mas releva que são, acima de tudo, uma luta contra o esquecimento e o silêncio.

Daniel Bastos, Historiador e Escritor
Daniel Bastos, Historiador e Escritor. Foto: DR

No ano em que se assinala meio século de liberdade e democracia em Portugal, momento cimeiro da memória coletiva e identidade nacional entreaberto pela Revolução de 25 de Abril de 1974, a efeméride contribui para que 2024 seja inevitavelmente marcado pelas comemorações nacionais dos 50 anos da Revolução dos Cravos.

As celebrações oficiais deste marco fundamental da história contemporânea portuguesa, impulsionaram a criação da Comissão Nacional das Comemorações 50.º aniversário do 25 de Abril, chefiada pelo Presidente da República, e que inclui titulares dos órgãos de soberania Governo, Assembleia da República e tribunais superiores.

Nesse entrecho, as Comemorações dos 50 anos do 25 de Abril, que tiveram início em 2022 e se prolongarão até 2026, desenvolvem-se em torno de dois eixos estruturantes – Memória e Futuro – e constituem uma experiência comemorativa de âmbito nacional assente nos valores subjacentes ao Programa do MFA, que pôs fim à ditadura: paz, liberdade, democracia e progresso.

Na linha de pensamento e ação da historiadora Maria Inácia Rezola, Comissária Executiva da Estrutura de Missão do 50.º aniversário da Revolução do 25 de Abril de 1974, a expectativa é que o ano de 2024, “seja um ano de festa, de celebração de 50 anos de democracia, e o ponto de partida para uma reflexão sobre os próximos 50 anos. Acredito que isso acontecerá, quer através das iniciativas pensadas e desenvolvidas pela Comissão Comemorativa 50 anos 25 de Abril, quer através das levadas a cabo por todas as outras entidades que, de norte a sul do país, estão entusiasticamente envolvidas na preparação das celebrações”.

Nesse sentido, e dado que as comemorações do 25 de Abril são transversais e abertas a todos os contributos da sociedade civil e constará de atividades culturais variadas, as mesmas não podem deixar de incluir a geografia da diáspora portuguesa.

As comemorações dos 50 anos do 25 de Abril no seio das comunidades lusas são um momento propício para estreitar as relações entre Portugal e a sua diáspora, portugueses e lusodescendentes, e assim refletir e afirmar os valores universais da cultura e da democracia.

Neste sentido, e tendo em linha de conta o profícuo movimento associativo das comunidades portuguesas, é espectável e relevante a dinamização ao longo dos próximos tempos de diversas atividades culturais na diáspora alusivas aos valores da Revolução de Abril.

Estas iniciativas culturais, por exemplo, mostras/ciclos de cinema e audiovisual, documentários, exposições fotográficas, organização de seminários, conferências ou apresentação de livros, envolverão assim os portugueses que vivem no estrangeiro nas celebrações do passado, mas também na necessária reflexão do presente e projeção do nosso futuro.

Em plena celebração de meio século de liberdade e democracia em Portugal, as comemorações dos 50 anos do 25 de Abril nas comunidades lusas, é acima de tudo, uma luta contra o esquecimento e o silêncio. Um compromisso inquebrantável com os valores da liberdade e da democracia, que não olvida que a democracia não é um dado adquirido. Cabe-nos afinal, lutar por mantê-la, persistindo na utopia da construção de uma sociedade mais justa, livre e fraterna.

Autor: Daniel Bastos, Historiador e Escritor.