Agência Europeia de Medicamentos alerta para riscos dos medicamentos com valproato

Comité de Avaliação do Risco em Farmacovigilância da EMA indica que resultados iniciais de estudo mostram risco aumentado de perturbações do desenvolvimento neurológico em crianças nascidas de homens que tomaram valproato nos três meses anteriores à conceção.

Agência Europeia do Medicamento alerta para riscos dos medicamentos com valproato
Agência Europeia do Medicamento alerta para riscos dos medicamentos com valproato. Foto: Rosa Pinto

Depois de em março de 2018 a Agência Europeia de Medicamentos (EMA, sigla do inglês) ter aprovado medidas de restrição e um programa de prevenção da gravidez que limitava o uso de medicamentos com valproato agora a EMA indica que o seu Comité de Avaliação do Risco em Farmacovigilância está a rever dados sobre o risco potencial de perturbações do desenvolvimento neurológico em crianças de pais que tomam medicamentos com valproato.

Os medicamentos com valproato foram aprovados a nível nacional na União Europeia para tratar a epilepsia e a perturbação bipolar e, em alguns países, para a prevenção da enxaqueca.

As medidas adotadas em 2018 incluíram a proibição da utilização dos medicamentos com valproato para a enxaqueca ou a perturbação bipolar durante a gravidez e a proibição do tratamento da epilepsia durante a gravidez, a menos que não exista outro tratamento eficaz disponível.

O Comité de Avaliação do Risco em Farmacovigilância centra a revisão nos dados de um estudo observacional retrospetivo da utilização de valproato durante a gravidez.

O estudo observacional retrospetivo comparou o risco de perturbações do desenvolvimento neurológico (incluindo transtorno do espectro do autismo) em crianças nascidas de homens que tomam valproato com o risco em crianças nascidas de homens que tomam lamotrigina ou levetiracetam (outros tratamentos para epilepsia).

Os resultados iniciais do estudo que envolveu dados de registo na Dinamarca, Noruega e Suécia “podem indicar um risco aumentado de perturbações do desenvolvimento neurológico em crianças nascidas de homens que tomaram valproato nos três meses anteriores à conceção”. No entanto, o Comité da EMA identificou limitações importantes nos dados do estudo.

O Comité apresenta ter dúvidas sobre a definição de perturbações do desenvolvimento neurológico utilizadas no estudo e o tipo específico de epilepsia que os doentes tinham. Este último é importante porque o valproato pode ser prescrito com mais frequência para alguns tipos de epilepsia associados a perturbações do desenvolvimento neurológico.

Enquanto o Comité da EMA prossegue com a análise dos dados, alguns Estados-Membros têm implementado recomendações nacionais provisórias.

A EMA recomenda que os doentes do sexo masculino em tratamento com valproato não devem parar de tomar o medicamento sem falar com um médico, uma vez que a epilepsia ou perturbação bipolar podem piorar. A interrupção repentina do tratamento para a epilepsia pode desencadear convulsões. Os pacientes que tiverem alguma dúvida sobre o tratamento devem falar com um profissional de saúde.

As recomendações anteriores para evitar a exposição a medicamentos com valproato em mulheres durante a gravidez devido ao risco de malformações congénitas (defeitos congénitos) e perturbações do desenvolvimento neurológico permanecem em vigor, refere a EMA.