Consumo de antibióticos e doenças multirresistentes estão a aumentar

Aumentou na última década o consumo de antibióticos e ao mesmo tempo os agentes patogénicos multirresistentes. Nas unidades de cuidados intensivos hospitalares, na Alemanha, o aumento é de 19%, uma situação grave que preocupa os cientistas.

Antibióticos. Foto: Rosa Pinto

Em todo o mundo, o consumo de antibióticos aumentou substancialmente na última década, uma aumento que promove e dissemina de patogénicos multirresistentes. O resultado é um aumento de infeções causadas por esses agentes patogénicos que são difíceis de tratar.

O problema está concentrado em muitas unidades de cuidados intensivos onde frequentemente há pacientes que sofrem de várias doenças crónicas e apresentam um maior risco de infeções nosocomiais e infeções por agentes patogénicos multirresistentes que podem levar a complicações adicionais, e a estadas prologadas nos hospitais com custos elevados na saúde.

Desde 2001, que a administração de antibióticos nas unidades de cuidados intensivos na Alemanha aumentou em 19%, indica o estudo alemão ‘Surveillance of Antibiotic Use and Resistance in Intensive Care Units (SARI).

Os resultados do estudo publicados na Deutsches Ärzteblatt International indicam que as 77 unidades de cuidados intensivos que participaram no SARI referiram ter havido um aumento na densidade de resistência de patogénicos multirresistentes gram-negativos no período de 2001 a 2015.

Cornelius Remschmidt e os coautores do estudo consideram, em particular, o aumento de patogénicos com resistência ao IMIPENEM como motivo de grande preocupação. Para os investigadores é plausível pensar que o aumento do uso de antibióticos de amplo espectro e de reserva tenha facilitado essa tendência.

Os investigadores consideram que se trata de um aumento muito grave de agentes patogénicos resistentes o que deve levar a um maior esforço de atenção para o problema que resulte no suporte e implementação de medidas preventivas relevantes.

Para além de uma avaliação de diagnóstico rápido, e uma terapia direcionada, os investigadores referem que devem ser consideradas medidas efetivas para prevenir a disseminação dos agentes patogénicos multirresistentes. Pelo menos em todos os hospitais com unidades de cuidados intensivos, devem existir especialistas em ‘administração de antibióticos’ e de prevenção de infeções para poderem intervir com regularidade.

Os investigadores concluem que o aumento do uso de antibióticos de amplo espectro e de reserva que se verifica deve estimular a otimização do uso racional de antibióticos nos hospitais, garantindo os requisitos estruturais e de pessoal necessários.