O Alto-comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Türk, condenou a morte de dezenas de palestinianos, quando, na manhã de hoje, 3 de junho de 2025, “tentavam obter quantidades irrisórias de comida”, nos arredores de um centro de ajuda no sul de Gaza administrado pelos EUA e Israel.
“Ataques direcionados contra civis constituem uma grave violação do direito internacional e um crime de guerra”, disse o Alto-comissário, um comunicado, depois de palestinianos serem mortos quando procuravam assistência pelo terceiro dia consecutivo.
Volker Türk também pediu a Israel para que respeite as “ordens vinculativas” emitidas pelo Tribunal Internacional de Justiça para cooperar plenamente com a ONU e garantir que a ajuda possa chegar à população de Gaza “sem demora” e “em grande escala”, pois afirmou: “Não há justificação para o não cumprimento dessas obrigações”.
O porta-voz da ONU, Stéphane Dujarric, referiu que o secretário-geral da ONU, António Guterres, condenou a perda de vidas e ferimentos de palestinianos que procuram ajuda, e que são “inaceitáveis”, e que continua pedir uma investigação independente sobre as mortes e feridos.
Stéphane Dujarric referiu: “Mais uma vez, estamos a testemunhar uma perda impensável de vidas em Gaza”, com os “civis a arriscar – e em vários casos a perder – vidas para conseguir comida.”
O atual esquema de entrega de ajuda por EUA-Israel impede que crianças, idosos e pessoas com deficiência recebam ajuda, já que estes teriam caminhar longas distâncias para poderem eventualmente aceder a uma muito escassa distribuição de ajuda.
“O impedimento intencional do acesso de civis a alimentos e outros suprimentos de socorro essenciais à vida pode constituir um crime de guerra”, afirmou Alto-comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Türk. E acrescentou que “a ameaça de fome” enfrentada pelos habitantes de Gaza hoje, seguem-se aos “20 meses de matança de civis e destruição em grande escala”.
Os palestinianos de Gaza também foram repetidamente deslocados por ordens de evacuação do exército israelita e enfrentaram “uma retórica intolerável e desumanizante e ameaças da liderança israelita de esvaziar a Faixa de Gaza”, observou o Alto-comissário de direitos humanos da ONU, afirmou que todos esses fatos constituem elementos dos crimes mais graves segundo o direito internacional.
Jeremy Laurence, porta-voz da Agência de direitos humanos da ONU, referiu: “Acho que muita coisa aconteceu nos últimos três dias, além das circunstâncias trágicas de seres humanos a tentar recolher alimentos para sobreviver e a serem mortos no processo”, os palestinianos em Gaza “estão a ser forçados a caminhar até a esses centros e agora estão apavorados. Provavelmente, vão e pensam: ‘Vou conseguir comida ou vou levar um tiro? ‘”