Poder local em debate no Clube dos Pensadores com Nuno Cardoso

Poder local em debate no Clube dos Pensadores com Nuno Cardoso
Poder local em debate no Clube dos Pensadores com Nuno Cardoso (na imagem Nuno Cardoso à esquerda e Joaquim Jorge). Foto: DR

Nas últimas eleições legislativas os eleitores não entregaram uma maioria a um único partido ou coligação. No entanto, a coligação AD liderada pelo Partido Social Democrata (PSD), ao vencer as eleições, sem maioria no Parlamento, constitui o atual Governo presidido pelo social-democrata, Luis Montenegro.

O Governo, mesmo sem maioria que o suporte no Parlamento viu, no entanto, o programa aprovado e posteriormente o Orçamento de Estado para 2025. Este ano, não é previsível que uma maioria de deputados coloque em causa o Governo, bem como não se afigura qualquer crise política que leve o Presidente da República a uma dissolução do Parlamento, dentro do prazo que ainda possui essas competências – dado o fim de mandato. Assim, o Governo, independentemente de ver ou não o próximo Orçamento do Estado aprovado para 2026, encontra-se numa situação de folga que se prolongará pelo próximo ano.

É neste quadro de garantia de vida do Governo que as eleições autárquicas, a decorrerem em 2025, assumem uma especial e enorme relevância para todos os partidos, sobretudo para os que possuem assentos no Parlamento.

É espectável que um bom resultado do PSD nas autárquicas garantirá ao Partido um enorme folgo para se manter o Governo e para as eleições presidenciais, e para umas, sempre eventuais, eleições legislativas antecipadas no final de 2026.

Assim, é neste contexto que são relevadas as próximas eleições autárquicas. Na sua linha de intervenção o Clube dos Pensadores (CdP) dá início ao debate sobre questões ligadas ao poder autárquico, e para esse primeiro encontro convidou Nuno Cardoso, antigo presidente da Câmara Municipal do Porto, para o dia 7 de fevereiro, sexta-feira, às 21h30, no Hotel Holiday Inn Porto-Gaia. Um encontro onde serão abordadas questões de política local.

No espaço nacional do poder local, o Porto é uma cidade chave, e por isso a luta pelo controlo da autarquia é sempre de grande importância política, tal como ocorre em outras grandes cidades como Lisboa, Gaia, Braga, Coimbra ou Setúbal.

Para o Porto, o socialista Manuel Pizarro já se assumiu como candidato, mas outros socialistas também poderão virem a assumir a pretensão, como Nuno Cardoso, que eleito com apoio do PS já foi presidente da edilidade. O PSD deverá propor um candidato até à Páscoa, e em Gaia, aguarda-se que Luís Filipe Menezes possa assumir a candidatura.

Para o fundador do Clube dos Pensadores, Joaquim Jorge, a atual legislação dificulta a apresentação de candidatos independentes às eleições autárquicas, o que “inquina” a liberdade dos cidadãos de se apresentarem a escrutínio.

Joaquim jorge reforçou que o “jogo” que deveria ser igual para ambas as partes – partidos e independentes – está “viciado” nas suas regras. Ao exigirem um conjunto de condições prévias, que são mais complexas do que as exigidas para a constituição de um partido, nomeadamente em número de assinaturas.

Para além de um independente necessitar de uma especial capacidade financeira para poder transmitir as suas propostas, os partidos surgem com a vantagem, de não terem que reunir assinaturas, são subvencionados pelo Estado, e possuem benefícios fiscais, em sede de IRC e IVA, entre outros.

Perante uma democracia que é assumidamente baseada em Partidos e que aos cidadãos individualmente lhe é dificultada a intervenção cívica de se proporem em eleições autárquicas, ainda verificamos, se bem que escassos, cidadãos resilientes que são eleitos, vencendo, como referiu Joaquim jorge, a “partidocracia no seu melhor”.

O Clube dos Pensadores dá, com o convite a Nuno Cardoso, inicio a encontros sobre política local, depois de encontros sobre política internacional com Germano Almeida e Ana Cavalieri e sobre política nacional com Ascenso Simões.

Como referiu Joaquim Jorge o Clube dos Pensadores mantém-se a falar no Norte para o país, e o próximo encontro é uma marca de 142 debates ao longo dos quase 19 anos de existência. O fundador do Clube diz serem conversas cara a cara, que reúnem pessoas a discutir Portugal, a refletir sobre problemas que, por vezes, levam a respostas para transformações sociais.

Para Joaquim Jorge, o Clube dos Pensadores pugna pela existência de espaços abertos de discussão, e com isso tem vindo a contribuir para uma verdadeira vivência em democracia, pois “a democracia não é somente votar de 4 em 4 anos”.