Investigação genética da Universidade da Flórida, EUA, pode vir a revolucionar a produção de amoras-pretas, tornando-as resistentes a doenças e mais saborosas. As novas variedades de amoras-pretas podem dar um contributo significativo aos agricultores, dada a crescente procura do fruto nos últimos anos.
Mas o investigador Zhanao Deng da Universidade da Flórida indicou que “em geral, o estudo não só avança na compreensão da genética da amoreira-preta, como também prepara o terreno para melhorias significativas nas técnicas de melhoramento genético da amora-preta”.
Zhanao Deng, que liderou o estudo, já publicado na revista Horticulture Research, referiu: “O resultado final poderá ser variedades de amoreira-preta melhores e mais robustas, que beneficiem tanto produtores quanto consumidores em todo o mundo.”
Em comunicado, a Universidade da Flórida, referiu que nos últimos 20 anos, a procura dos consumidores por amoras aumentou, levando os agricultores dos EUA e de outras partes do Mundo a cultivar mais amoras. Só nos EUA são produzidos 16 milhões de quilos de amoras processadas e quase 1,3 milhão de quilos de frutas frescas anualmente.
O estudo investigou a composição genética das amoras-pretas e foram desenvolvidas novas variedades de amoras-pretas utilizando insights profundos obtidos a partir do sequenciamento do genoma. Assim, usando uma grande coleção de sequências de DNA de uma amora experimental BL1, a equipa de investigação juntou-as computacionalmente, reconstruindo a sequência original de todo o genoma da amora.
Como descreveu Zhanao Deng, tudo começou com a compreensão de que amora BL1 é uma fruta tetraploide, que vem de uma planta com quatro cópias de cada cromossomo nas células, o que é o dobro do número normal de cromossomos de uma planta diploide típica, como uma framboesa. “Trabalhar com uma planta tetraploide é mais complexo do que com uma diploide”.
“A divulgação deste genoma tetraploide de amoras-pretas pode contribuir para um melhoramento genético mais eficiente e direcionado, levando, em última análise, ao desenvolvimento de novas cultivares com melhor qualidade de frutos e resistência a doenças importantes”, disse Zhanao Deng. “O genoma de referência criado a partir desta investigação pode ser uma ferramenta poderosa para quem trabalha com amoras-pretas”
Mas, como refere a Universidade da Flórida, a montagem do genoma também revela os segredos por trás de características importantes, como o cultivo de amoras e a produção de antocianina, que afeta a cor e os benefícios da fruta para a saúde.
“Esta descoberta pode ajudar-nos a entender por que as amoras desenvolvem sua cor roxa/preta característica ao longo do tempo e como potencialmente melhorar esse processo para obter frutas mais nutritivas”, disse o líder da investigação.