Leucoencefalopatia é uma das manifestações neurológicas da COVID-19

Efeitos da COVID-19 no cérebro incluem diversas manifestações neurológicas como a leucoencefalopatia. A associação da doença com a infeção pelo coronavírus foi estabelecida através de exames por imagem de ressonância magnética.

Leucoencefalopatia é uma das manifestações neurológicas da COVID-19
Leucoencefalopatia é uma das manifestações neurológicas da COVID-19. Foto: TVEuropa

A leucoencefalopatia disseminada, – uma inflamação do encéfalo e da medula espinal causada por reação de hipersensibilidade a um vírus ou outra proteína estranha – relacionada à COVID-19, representa uma consideração diferencial importante, embora incomum em pacientes com manifestações neurológicas da COVID-19, indicam investigadores num estudo publicado no American Journal of Roentgenology da American Roentgen Ray Society.

Colbey W. Freeman e outros investigadores da Universidade da Pensilvânia indicam que “cada vez mais estão a ser relatados efeitos da COVID-19 no cérebro, incluindo a encefalopatia necrosante aguda, infartos, microhemorragia, encefalomielite disseminada aguda e leucoencefalopatia.”

Entre os 2.820 pacientes com COVID-19 avaliados pelos investigadores de 1 de março a 18 de junho de 2020, 59, ou seja, 2,1% foram submetidos a ressonância magnética cerebral. Três, o que corresponde a 5,1%, tinham lesões de substância branca conhecidas por esclerose múltipla, 23, ou 39,0% tinham lesões de substância branca de doença isquémica de pequenos vasos, seis, ou 10,2%, tinham infartos agudos, quatro, ou 6,8%, tinham infartos subagudos, quatro, ou 6,8 %, tinham infartos crónicos, um, ou 1,7%, tinha sinal de gânglios basais anormais de hipoxemia, dois ou 3,4%, tinham microhemorragia associada a infartos crónicos e dois, ou 3,4%, tinham microhemorragia associada a infartos agudos ou subagudos.

Imagem de RM FLAIR axial mostra prolongamento de T2 em pedúnculos cerebelares médios bilaterais (setas). Os achados foram associados a difusão restrita e áreas de sinal hipointenso T1 sem realce ou suscetibilidade anormal.
Imagem de RM FLAIR axial mostra prolongamento de T2 em pedúnculos cerebelares médios bilaterais (setas). Os achados foram associados a difusão restrita e áreas de sinal hipointenso T1 sem realce ou suscetibilidade anormal. Imagem: American Roentgen Ray Society, American Journal of Roentgenology

Seis pacientes, correspondendo a quatro mulheres e dois homens, na faixa etária de 41 a 86 anos, apresentaram indicações de neuroimagem sugestivas de leucoencefalopatia disseminada – “caracterizada por extensas lesões confluentes ou multifocais da substância branca (com características e localizações atípicas para outras causas), microhemorragias, restrição de difusão e aprimoramento”, indicou Colbey W. Freeman. Hipertensão e diabetes mellitus tipo 2 foram comorbidades comuns.

Reafirmando que não existem critérios estabelecidos para definir leucoencefalopatia disseminada, “os nossos pacientes tinham lesões de substância branca atípicas por outras causas”, bem como “envolvimento dos pedúnculos cerebelares médios bilaterais e corpo caloso”, concluíram os investigadores.