Especialista graduado da Faculdade de Ciências da Universidade Chulalongkorn, Tailandia, recomenda o uso da tecnologia de produção de alimentos para tornar “alimentos como remédios”, como derivados de ervas, vegetais e frutas tailandesas. A iniciativa tem como objetivo melhorar a saúde pública, mitigar o risco de doenças crónicas não transmissíveis e contribuir para o crescimento económico do país, integrando a sabedoria tradicional tailandesa à alimentação e à agricultura.
A alimentação é a base da uma boa saúde, mas no mundo atual muitas pessoas acabam “por tomar remédios como alimento” em vez de usar a comida como um meio natural para manter o bem-estar.
“Hoje, a população global enfrenta desafios significativos de saúde devido a estilos de vida acelerados, hábitos alimentares inadequados, falta de atividade física e altos níveis de stress. Esses fatores contribuíram para o aumento da prevalência de doenças crónicas não transmissíveis, incluindo diabetes, hipertensão, hiperlipidemia, doença arterial coronariana, doença renal e cancro”, afirmou o Professor Kitipong Assatarakul, Chefe do Departamento de Tecnologia de Alimentos da Faculdade de Ciências da Universidade Chulalongkorn. Citando o relatório de 2023 da Organização Mundial da Saúde (OMS), e destacou que cerca de 41 milhões de pessoas em todo o mundo sucumbem, por ano, às doenças crónicas não transmissíveis.
Para lidar com essa preocupação crescente, o especialista enfatizou a importância de adotar o conceito de “comida como remédio”, defendendo escolhas alimentares mais saudáveis que poderiam reduzir a necessidade de múltiplos medicamentos e, ao mesmo tempo, aumentar o bem-estar e o prazer da comida.
“Tomar remédios é essencial quando estamos doentes, mas a alimentação pode servir tanto como medida preventiva como terapêutica. Então, por que não adotar o conceito de “comida como remédio” quando já consumimos alimentos todos os dias?”, questionou Kitipong Assatarakul, que vem incentivando uma mudança para escolhas alimentares mais saudáveis.
Kitipong Assatarakul enfatizou que dar prioridade a alimentos saudáveis ou medicinais é crucial para todos os setores. Não apenas para promover a saúde pública, mas também para criar oportunidades económicas para o país.
“A Tailândia tem potencial para ser líder no mercado de alimentos saudáveis. Possuímos uma rica tradição de conhecimento em alimentos, ervas e agricultura, apoiada por investigação e tecnologia avançadas para melhorar a produção de alimentos. Isso representa uma oportunidade significativa para o país e os empreendedores tailandeses capitalizarem”, concluiu o professor da Universidade Chulalongkorn.
Alimentos Medicinais – Uma Abordagem Simples e Económica
Para o especialista Kitipong Assatarakul os “alimentos medicinais” devem incluir vegetais, frutas, ervas ou outros ingredientes naturais que ofereçam benefícios à saúde dos consumidores.
“Os consumidores podem preparar os seus próprios alimentos medicinais, o que é económico e benéfico para a saúde. Ao incorporar quantidades adequadas de vegetais, frutas e ervas à dieta, garantindo que os alimentos sejam limpos e livres de contaminantes nocivos, os indivíduos podem fortalecer a sua imunidade e reduzir o risco de doenças crónicas não transmissíveis”, explicou o especialista.
O Professor Kitipong Assatarakul destacou diversos alimentos medicinais conhecidos e já consumidos por muitas pessoas, enfatizando seus benefícios à saúde comprovados cientificamente:
■ O alho ajuda a diminuir os níveis de LDL (colesterol ruim), reduzindo o risco de doenças cardíacas.
■ Peixes do mar, que são ricos em ácidos gordos omega-3, um consumo regular pode reduzir o risco de morte por doença coronária em aproximadamente 50%, em comparação com os que não consomem peixes do mar.
■ Abacate, quando consumido em quantidades adequadas, o abacate pode ajudar a diminuir a pressão arterial e reduzir o risco de doença coronária.
■ Iogurte, o consumo regular pode reduzir os níveis de colesterol em cerca de 4%, melhorar a função imunológica, auxiliar a digestão e ajudar o corpo a produzir vitaminas essenciais. No entanto, o especialista aconselhou escolher iogurte com baixo teor de açúcar, indicado no rótulo nutricional.
Ao fazer escolhas alimentares informadas e adotar os alimentos como remédios, os indivíduos podem tomar medidas proactivas em direção a uma melhor saúde e, ao mesmo tempo, reduzir os custos com assistência médica.
Alimentos como Medicamentos vs. Suplementos Alimentares: Compreender as Diferenças
Muitas pessoas consomem suplementos alimentares como vitamina C, colágeno e probióticos, além da dieta regular. No entanto, como os suplementos alimentares diferem dos alimentos como medicamentos?
Kitipong Assatarakul explicou que os suplementos alimentares visam complementar a dieta habitual de uma pessoa. Esses produtos geralmente vêm em formas alimentares não tradicionais, como comprimidos, cápsulas, pós, flocos ou líquidos.
Por outro lado, alimentos funcionais referem-se a produtos alimentícios que contêm naturalmente ou são enriquecidos com compostos bioativos que proporcionam benefícios à saúde que vão além da nutrição básica. Esses alimentos são respaldados por investigações científicas que demonstram a capacidade de melhorar as funções corporais normais e reduzir o risco de doenças crónicas não transmissíveis. Exemplos incluem bebidas hipoglicémicas e alimentos que fortalecem o sistema imunológico.
Para aqueles que consideram suplementos alimentares ou alimentos funcionais, o Professor da Universidade Chulalongkorn forneceu as seguintes recomendações importantes:
■ Escolha com base nas necessidades individuais de saúde — selecione produtos que estejam alinhados com objetivos de saúde pessoais, como melhorar a visão ou a função cerebral.
■ Verifique a credibilidade do fabricante — certifique-se de que o produtor seja respeitável e reconhecido no setor.
■ Procure aprovação regulatória — verifique a indicação de entidades oficiais, que indiquem que o produto atendeu aos padrões de qualidade e segurança definidos pelo órgão oficial.
O potencial da Tailândia para produzir alimentos como remédios
Para Kitipong Assatarakul, a crescente conscientização sobre saúde entre os consumidores representa uma oportunidade de ouro para empreendedores da indústria alimentícia.
“A indústria de alimentos funcionais tem um potencial de mercado significativo, com a demanda nacional e internacional em constante crescimento. Além disso, os avanços na tecnologia de produção de alimentos tornaram os processos de fabricação mais eficientes. Diversas agências também financiam pesquisas sobre produtos alimentícios voltados para a saúde, especialmente aqueles que incorporam ervas e ingredientes cultivados localmente. Isso não apenas contribui para o bem-estar do consumidor, mas também fortalece a economia local. Portanto, o setor privado deve investir ativamente na indústria de alimentos saudáveis para atrair uma base de consumidores”, explicou Kitipong Assatarakul.
O Professor Kitipong descreveu quatro abordagens principais para o desenvolvimento e a produção, na Tailândia, de “alimentos como remédios”:
■ Com essas iniciativas estratégicas, a Tailândia está bem posicionada para se tornar líder na indústria global de alimentos funcionais, alavancando os ricos recursos agrícolas, tecnologia alimentar avançada e conhecimento tradicional profundamente enraizado.
■ No entanto, embora a Tailândia possua ricos recursos agrícolas e sabedoria alimentar tradicional, o desenvolvimento de produtos que se baseiam em “alimentos como remédios” exige investigação e inovação contínuas para responder às procuras dos consumidores. Investigadores e académicos desempenham um papel crucial no melhoramento da eficiência, segurança e eficácia desses produtos, garantindo que estejam alinhados às tendências e padrões globais de saúde.
“A indústria global de alimentos saudáveis está a expandir-se rapidamente, apresentando uma oportunidade de ouro para a Tailândia agregar valor ao seu setor alimentício. Investir em investigação e desenvolvimento, fortalecer a identidade da marca e incentivar o investimento do setor privado impulsionará o crescimento desse setor, gerando, em última análise, benefícios económicos significativos para o país”, concluiu o Professor Kitipong.